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quinta-feira, 14 de julho de 2011

UM PEDAÇO DE BARRO

Outro dia visitando uma amiga ceramista ganhei uma pequena porção de barro preparado para agüentar choques térmicos e no final do processo fazer Rakú**

Fui ceramista por um período de três anos em que me dediquei a fundo construindo meu próprio forno, conversando, perguntando, pesquisando, errando e acertando que acredito é a melhor maneira de aprender.

A cerâmica é uma das técnicas mais antigas que o homem usou para sua evolução até os dias de hoje. Terra, ar, fogo e água - todos contribuem para o resultado final. Os quatro elementos estão disponíveis naturalmente no planeta e a criatividade humana os levou a níveis surpreendentes.

Com um pedaço de barro na mão é surpreendente a sensação de prazer do fazer algo. Criar formas, as mais estranhas, poder agregar novos pedaços e expandir à sua vontade de criar ao limite que você mesmo não sabe existirem. Experimente com você mesmo ou veja o que acontece se o fizer com uma criança.

Já fazia cerâmica a bom tempo com resultados sempre surpreendentes como é tudo nesta técnica. Mas cada dia mais lendo e brincando com fogo que era a maneira que eu queimava minhas peças a técnica do Rakú me vinha a mente.

Faltava-me mais experiência e principalmente barro com chamote para agüentar segunda queima que é quando se consegue efeitos inusitados com a esmaltação feita sobre o biscoito, como se chama a peça após a primeira queima.

Com o pequeno pedaço de barro que recebi um pouco menor que uma bola de tênis, resolvi criar algo para fazer Rakú. Como a quantidade era pequena tive que utilizar toda minha capacidade criativa para produzir um objeto oco com 15 x 15 cm. Optei por um cubo utilizando muito jornal amassado para sustentar o centro da peça. O passo seguinte era aguardar a secagem até o ponto de couro, quando se pode esculpir baixos relevos sobre o barro semi seco.

Com os desenhos em relevo feitos nas seis faces do cubo, cuidei de incluir desenho que permitissem fazer furos por onde sairia as chamas do jornal lá dentro colocado. Tudo pronto, secagem completa, entreguei novamente para a minha amiga para as duas queimas. A primeira para biscoitar e depois a seguinte para transformar a esmaltação em RAKÚ.

Tenho agora à minha frente o resultado final. Rakú significa alegria, prazer de fazer , em japonês.É o que agora vejo perante meus olhos com o mar ao fundo.


RICARDO GAROPABA BLAUTH



******* Leia mais em :              http://obviousmag.org/archives/2008/11/raku_a_ceramica.html

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