Olhando pra trás vejo que na minha carreira de artista tive fases que aconteciam naturalmente uma vez que gosto de me entregar por inteiro uma coisa de cada vez.
Assim, visitando casualmente um arrecadador de sucatas de grandes metalúrgicas, me vi frente a grandes peças, sobras de cortes de peças industriais. O que restara depois de recortar o que interessava às industrias eram grandes e por vezes pesadas formas que sem saber na ocasião meu olhar poético já enxergava uma escultura pronta.
Comprei pesadas e fortes botas, luvas apropriadas e auxiliado por um jovem que me acompanhou desde criança no meu início de carreira, subíamos nas montanhas de ferro e aço com olhar atento.
Poucos podem imaginar o prazer de circular por aquele ambiente e ver tudo com olhos de artista. Quanta coisa de lá catamos. Muitas vezes só parava quando o peso já era excessivo para o carro. Logo passei a utilizar o reboque de antigos acampamentos que suportava quase uma tonelada. Só parava de carregá-lo quando este parecia querer quebrar em meio a gemidos.
Até hoje ainda tenho um grande galpão que construi especialmente para armazenar meus "tesouros". Quando de tempos em tempos lá entro na Aldeia das Artes hoje a venda, tenho que refrear impulso de tudo recomeçar. Cortar, soldar, jatear, colocar sobre bases, criar.....criar....criar a partir de formas pra mim sedutoras.
Com a Aldeia das Artes a venda tenho que decidir o que fazer com a quantidade de obras que lá ainda mantenho.
Estamos pensando em fazer uma grande "liquidação", mas detesto esta palavra e espero que naturalmente surjam soluções. Quem tiver idéias a apresentar agradeço antecipadamente, sejam elas quais forem.
O importante para mim é que as obras que ainda lá estão encontrem quem as valorize. Dinheiro vai ser detalhe. Se você gosta do meu trabalho, o da Therezinha, por favor, se manifeste para que possamos avisá-lo quando for o momento. Tenho obras de grande porte, internas e externas.
RICARDO garopaba BLAUTH
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