REGISTRO DE VIAGEM 02 - Um cavalo judiado
Escolhemos em Troncoso na Bahia um lugar modesto e honesto para almoçar. Já era tarde e Simone e Ita conheciam um pequeno restaurante. Alcina é a proprietária, cozinheira, atendente e faz o possível para manter o local com as cores vibrantes dos baianos. Pratos pedidos fiquei olhando o entorno absorvendo a magia dum lugar tão modesto e tão cheio de energia. Um olhar atento consegue ver detalhes inusitados em locais improváveis. Num repente meu olhar foi atraído por um objeto quase escondido, com um colorido já judiado pelo tempo, que pouco a pouco fui identificando com um cavalo de madeira, destes que se vê em antiquários. Fixei o olhar e cada vez mais aumentava minha excitação pelo “tesouro” que ali parecia escondido, pedindo para ser resgatado da chuva, umidade do local inapropriado.
Pouco demorou para que eu perguntasse à Alcina, quando nos trouxe os almoços, se queria vender aquele cavalo. Mostrou surpresa, talvez por nem mais se lembrar dele ou por literalmente não saber o que responder àquele grandão intrometido, que via pela primeira vez. Após uma tímida negativa, lhe disse, “então quem sabe você me dá de presente”.
Incrivelmente foi o que aconteceu. Recolhemos o cavalo todo desmontável e totalmente comprometido pela inevitável destruição das chuvas. Pedi seu endereço e licença para a foto acima, pois vou, logo que em casa chegar, mandar uma obra minha para seu restaurante ou casa e tentar recuperar o “cavalo judiado”.
São surpresas de viagem que nunca aconteceriam se você não as oportuniza. Quando quadro pronto para ser enviado e cavalo já restaurado, voltarei ao assunto. Até lá, boas viagens a todos nós.
RICARDO garopaba BLAUTH
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