obrigado por sua visita........ricardo

TODOS OS TEXTOS ANTERIORES ESTÃO EM ORDEM ALFABÉTICA NO LADO DIREITO - É SÓ CLICAR

quinta-feira, 19 de março de 2009

MALUCOS POR NATUREZA



Vi numa revista mensal Terra, hoje infelizmente extinta, uma reportagem fartamente ilustrada com a fotos dos malucos de que fala o titulo desta crônica que peguei emprestado da própria matéria.

MALUCOS POR NATUREZA. Ocorreu-me esta madrugada o assunto em meio a sonhos e acabei acordando. Bem acordado agora, apesar de ser 5 da manhã, colocar o que estava pensando no papel.

Nos últimos tempos, quando me dou conta, estou dizendo isto. Colocar no papel. Usar letras, formar palavras e deixar registrado, sei lá pra que, meus pensamentos, minhas idéias, minhas loucuras.

Luiz Fernando Veríssimo disse numa crônica que escreveu pra Veja em 1988 “os loucos são as únicas pessoas livres e vivem presos por isso”.

Bom, voltando ao assunto do malucos, a reportagem fala de pessoas que em algum momento da vida fizeram uma escolha radical e se tornaram incansáveis para alcançar seus objetivos. Muitos você já viram em programas de televisão ou filmes.

Quatro deles pagaram com a vida por suas “loucuras”. Steve Irwin, conhecido por se abraçar com crocodilos foi um e Timothy Treadwell e sua namorada foram atacados e comidos por ursos selvagens aos quais se dedicaram por 13 anos no Alasca.

Outro, Shaun Ellis, a mulher mandou passear para que pudesse se dedicar inteiramente a sua nova família, os lobos. A zoóloga Dian Fossey foi assassinada em 1985 em sua cabana em Ruanda na África, perto dos gorilas que defendia.

Por fim um brasileiro de 72 anos, o paulista Johan Dalgas Frisch que na sua infância matava passarinhos para seu pai pintar e catalogar numa coleção de 1500 espécies documentadas. Hoje Johan Dalgas, engenheiro reconhece o canto de qualquer pássaro e escreveu um livro a respeito de sua paixão, aves.

Se você ainda está lendo, você deve estar se perguntando por que levantei de madrugada para escrever estas palavras.

Pois guri, também tive minha funda, ou estilingue como também é conhecida. Recolhia pedras escolhidas uma a uma para melhorar a pontaria. Só que nunca consegui matar nenhum passarinho. Bem que tentei. Nunca consegui acertar nenhum. E não era problema de pontaria. Eu conseguia acertar qualquer fruta que estivesse no alto das arvores e que queria derrubar para comer. Hoje descubro que já então era um maluco sonhador.

Com 12 anos fui convidado por um artista, Ernesto Frederico Scheffel para posar para um enorme quadro que ele já em começo de fama, estava pintando.

“Rixa Gaúcha”, o nome do enorme painel, em que dois adultos estão lutando. Um está no chão, machucado e o outro contido pela turma do “deixa pra lá”. Um guri metido que de costas segurando seu cão que quer entrar na briga, assiste tudo fascinado. Carrega na cintura a sua funda e um canarinho da terra que acabou de matar.

Pois esse guri sou eu com a minha funda. E o passarinho que disse antes que nunca matei? Pois esse foi morto por um amigo que era especialista em acertá-los. O pintor sugeriu que o meu amigo matasse um e trouxesse junto na próxima vez que viesse posar para que ele pudesse desenhar e pintar realisticamente.

Hoje, otimista incorrigível, sou amante da natureza e não quero ver pássaro preso, muito menos morto. O pintor do quadro? Vive entre o Brasil e Itália. Lá resgatou e mora numa casa tombada pelo patrimônio histórico italiano.

O quadro? Está na Fundação Scheffel em Hamburgo Velho, bairro onde começou Novo Hamburgo. Cidade onde nasci e fui um guri sonhador.

Felizmente posso continuar sonhando e fazer planos pra colocar no papel.

A foto do quadro? Está ilustrando estas linhas.

Nenhum comentário: