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terça-feira, 5 de abril de 2011

MEDITAR SOBRE O VÔO DAS ANDORINHAS

Falando à um velho sacerdote servidor do seu reino, Ramsés, faraó que reinou no Egito por mais de sessenta anos, pergunto-lhe por sua saúde. “....minhas pernas recusam-se. Os ouvidos estão tapados, os ossos doe-me...” ao que completou o faraó “mas o seu pensamento continua vivo como o vôo do falcão.....” Antes disto havia dito que suas maiores ambições era um dia habitar perto de um lago e “...meditar sobre o vôo das andorinhas”.       ***

Falar sobre a velhice é difícil para muitas pessoas. Quem a alcança é porque não morreu jovem. A vida começa a desaparecer no instante em que nascemos, pois não temos prazo de validade nem garantia do que vai acontecer no momento seguinte. Procuro ler e refletir sobre o assunto, mas percebo que a maioria só vê o tema pelo lado que considero negativo, enquanto eu por sorte talvez, tenha ouvido um velho e sábio medico dizer-me quando perguntei se não gostaria ter menos idade para usufruir toda a vitalidade verbal e comunicativa que tinha. Fez uma pausa propositalmente longa antes de responder: “ Ricardo, você tem 23 anos e não sabe se terá 24 um dia. Eu por minha vez tenho a certeza de já ter vivido 83 e não sei quantos ainda me restam”. Nunca esqueci o episódio e até hoje dele me lembro quando em alguns momentos “quando algo me doe fisicamente” fruto da idade que já alcancei. Tento de aproveitar a vida da melhor maneira que posso e sei, aceitando os inevitáveis e não ideais detalhes físicos. Invisto no intelectual tanto quanto posso, lendo, conversando, escrevendo, sonhando. Desafios me atraem e tento fazer com que me sejam proposto. Como nem sempre o são, “bicho carpinteiro” que sou estou sempre, para desespero dos que tem que conviver comigo, “inventando” algo. Gosto de ler, quando estou em capitais vejo tantos filmes quanto posso e me abasteço de livros que devoro em semanas. A criança interior que cultivo e trago sempre comigo vibra e pula de alegria pelas oportunidades que se oferecem. Procuro viver um dia após outro tirando todo prazer do acontecimento. Talvez um dia tenha paciência e sabedoria para “meditar sobre o vôo das andorinhas”. Encerro com Pablo Neruda dizendo:

"Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo."



RICARDO garopaba BLAUTH

** extraído do volume 3 da série Ramsés, pag 229.

Um comentário:

Deusa disse...

Um artista cheio de sabedoria Ricardo
Li , reli e assino em baixo
Gostei muito!!
Abraço afetuoso!